Eu acho engraçado que hoje, em todo lugar, a gente fala sobre ser data driven.
Todo lugar é data driven.
“Porque a gente aqui é uma empresa data driven.”
“A gente foca no data driven”, e assim por diante. Tudo é driven.
Aí, quando a gente para pra pensar:
Se eu sou data driven, vou dar o exemplo da Uber.
A Uber, quando tem poucos motoristas e muita demanda, entra numa tarifa dinâmica.
Então, automaticamente, o data driven da Uber percebe que, a partir do momento que eu tenho alta demanda, eu consigo aumentar os meus preços.
Mas agora, por exemplo: se as pessoas estão em alguma situação de emergência, ou numa saída de aeroporto, tem sentido estar numa tarifa dinâmica?
Não sei se tem muito sentido…
Ou será que tem alguma região específica onde as pessoas precisam sair de forma mais rápida, e tá sendo cobrado um transporte mais caro?
Será que isso tem sentido?
Isso também aconteceu quando teve a queda do avião da Chapecoense.
Havia um site de e-commerce que tinha alguns gatilhos automáticos:
quando havia algum assunto muito buscado nos buscadores, a plataforma automaticamente aumentava os preços dos produtos relacionados.
O que aconteceu foi que, após a queda do avião, a camiseta da Chapecoense aumentou de preço nessa plataforma, porque perceberam que as pessoas estavam pesquisando muito sobre isso.
E aí a gente vem para um segundo contexto: o contexto data oriented ou data informed.
Onde tudo aquilo que eu tenho de dados norteia uma decisão humana.
Então, nos dois exemplos que eu trouxe:
- Num ambiente hospitalar, por exemplo, será que a Uber poderia não ativar a tarifa dinâmica?
- Eu poderia, como tomador de decisão humano, receber a informação de alta demanda e baixa oferta, mas decidir não aumentar a tarifa naquela região específica.
A mesma coisa com a Chapecoense:
será que tem sentido aumentar o preço?
Falta o tomador de decisão humano dizer:
“Beleza, aconteceu um crime, um problema, uma calamidade, uma catástrofe… não faz sentido mexer nos preços dos nossos produtos.”
Isso é a gente usar os dados, se informar com eles e tomar a decisão certa.
E é o que muitas empresas não fazem.
As empresas querem ser data driven, mas o data driven tem seu peso, porque você não tem decisão humana.
E muitas vezes o data driven vai acabar realizando ações que não são as mais corretas a serem feitas.
Podem ser as melhores para o negócio, mas não as corretas.
Quando a gente fala do outro pilar — data informed —, a gente usa os dados para informar e tomar a melhor decisão humana, e não uma decisão direta e reta com base nos dados frios.
E aí… hoje, o que vocês preferem ser?
Data Informed ou Data Driven?